Árvore mais alta da Mata Atlântica? Cientistas se surpreendem com espécie encontrada em MG
Jequitibá encontrado na Reserva da Mata Escura tem 65 metros de altura e 5,5 metros de diâmetro
Roberta Jansen
11/05/2025
A mais alta árvore da espécie jequitibá-rosa (Cariniana legalis) já catalogada no Brasil foi localizada em março na Reserva Biológica (Rebio) da Mata Escura, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
Com 65 metros de altura e 5,5 metros de circunferência, essa "gigante" da floresta foi descoberta pelo professor e pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Fabiano Rodrigues de Melo.
Originalmente, a expedição liderada pelo pesquisador tinha como objetivo localizar os primatas da espécie muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), um dos mais ameaçados do Brasil.
Para otimizar as buscas, a equipe usa drones equipados com câmeras térmicas, que detectam o calor. Com essa tecnologia, é possível localizar com mais facilidade os animais, que costumam ficar sob a copa das árvores.
Ocorre que os drones também identificam troncos de árvores bem grandes, que retêm muito calor ao longo do dia. Assim, os pesquisadores localizaram o exemplar de jequitibá-rosa, em um vale da Mata Escura, que tem quase 51 mil hectares.
A descoberta é parte do programa de monitoramento de fauna e flora, realizado por meio da parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente, e a Vale, no âmbito da iniciativa Meta Florestal da empresa.
"Ficamos espantados com o tamanho dele, pois se trata do mais alto jequitibá que conhecemos. Acredito que não exista nenhuma outra árvore desse porte na Mata Atlântica, pelo menos com registro conhecido de árvores vivas", afirma o pesquisador.
"Trata-se de uma espécie bandeira da conservação da Mata Atlântica", afirma Tiago Godinho, engenheiro da Vale. "Uma das mais simbólicas da floresta."
Segundo Melo, a altura do exemplar provavelmente é decorrente do fato de estar em área de floresta primária e de difícil acesso, ou seja, intocada durante séculos. O pesquisador reforça a importância do estudo da espécie, além da proteção de sementes.
"Essas árvores ficam em um vale, em local de difícil acesso. Elas devem ter crescido muito por conta da ausência de luminosidade intensa, pois aquela é uma área de mata fechada, que fica sombreada do meio da tarde em diante", avalia Melo.
Estima-se que existam na Mata Atlântica mais de 20 mil espécies de árvores e arbustos. O bioma tem a segunda maior biodiversidade das Américas, inferior apenas à da Amazônia.
De acordo com o pesquisador, é importante estudar a genética destas árvores, além de manter as sementes e proteger os exemplares. O cientista estima que a maior árvore tenha pelo menos 300 anos de idade.
"Essas árvores têm uma estrutura genética única e estão numa condição específica, porque é muito difícil ter mata primária na Mata Atlântica. Trata-se de uma descoberta muito importante para esse bioma", afirma.
https://www.estadao.com.br/sustentabilidade/arvore-mais-alta-da-mata-atlantica-cientistas-se-surpreendem-com-especie-encontrada-em-mg/
Mata Atlântica:Biodiversidade
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