Incêndios no DF e em Goiás

Incêndios no DF e em Goiás
Corpo de Bombeiros registrou 24 queimadas ontem no Distrito Federal. Fogo destrói metade do Parque Estadual da Serra de Caldas, em Caldas Novas (GO). Umidade baixa a 25% hoje, segundo meteorologistas

Pablo Rebello
Da equipe do Correio

Prepara-se para enfrentar o dia mais seco do mês. Hoje o Distrito Federal terá o menor índice de umidade de agosto. A previsão é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A temperatura deve chegar a 29oC a umidade cair para 25% nas horas mais quentes. Condições que contribuem para o aumento dos focos de incêndios florestais. Só ontem, o Corpo de Bombeiros registrou 24 queimadas em parques, reservas ecológicas e matagais do DF. A situação é crítica também em Goiás, onde o fogo consumiu metade da área verde do Parque Estadual da Serra de Caldas, em Caldas Novas. Lá ficam as nascentes de águas termais.

O incêndio mais grave de ontem no DF ocorreu às margens da DF-180, próximo a Brazlândia. O fogo começou às 12h50 e só foi controlado às 16h. Cinco caminhões dos bombeiros e 35 homens foram destacados para combater as chamas. As labaredas devastaram o equivalente a seis campos de futebol. "Provavelmente, o incêndio foi causado por um cigarro jogado por alguém que passou pela pista", disse o coordenador do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do DF (Prevfogo-DF), Ebenezer Aquino.

Perto dali, na DF-001, mais fogo destruía tudo o que encontrava pelo caminho. No entanto, era uma queimada controlada. O objetivo era criar uma área de segurança para proteger de incêndios parte da Floresta Nacional de Brasília. "É um procedimento preventivo. Queimamos a área externa, próxima da estrada, com o intuito de preservar a floresta", explicou Aquino. Cerca de 40 brigadistas florestais do Ibama participaram da queimada.

A massa de ar quente e seco que cobre grande parte do Brasil mantém baixa a umidade do ar no Distrito Federal pelo menos até o fim de semana. São esperados mais incêndios florestais por causa da seca. Ontem, a umidade do ar chegou a 28%. A temperatura mínima registrada foi de 16oC e a máxima, de 28oC. No domingo, foi registrada a umidade mais baixa do mês até o momento, de 26%. A umidade mais baixa do ano, até agora, é 20%, registrada em 22 e 23 de julho.

A época de chuvas deve começar na segunda quinzena do mês que vem. Mas o meteorologista Luís Cavalcante, do Inmet, considera possível que chova em pontos isolados do DF antes disso. "Porém, o período chuvoso, que marca o fim da seca, só deve começar no fim de setembro", avisou. Até lá, os brasilienses podem esperar dias quase sem nuvens e com névoa seca muito intensa, principalmente nos fins de tarde.

Caldas Novas
A baixa umidade, o difícil acesso à região e a falta de equipamentos do Corpo de Bombeiros de Goiás colaboraram para a devastação de metade da área verde do Parque Estadual da Serra de Caldas. O incêndio, que teve início no último sábado, só começou a ser controlado ontem. Mas até o fim do dia não havia sido extinto. A reserva, perto de Caldas Novas, tem 125 km². Segundo os bombeiros, o fogo consumiu 60 km² - o mesmo que 6 mil campos de futebol. Além de aves e animais silvestres comuns do cerrado, o parque abriga espécies ameaçadas de extinção como o tamanduá-bandeira, lobo-guará e o tatu-canastra.

Cerca de 100 homens, entre bombeiros, policiais e moradores da região ajudavam no combate ao incêndio. Mas faltavam equipamentos. Eles só contavam com abafadores e bombas d'água. Segundo o comandante do 4o Subgrupamento de Bombeiros de Goiás, major Mauro Gonçalves, não havia como os caminhões chegarem ao interior do parque. "É uma mata fechada, o que dificulta a ação. Além disso, as chamas são tão altas que impedem os homens de se aproximarem do fogo", explicou.

Os bombeiros acreditam que o incêndio foi criminoso. "Pela maneira como o fogo se estendeu na vegetação, certamente foi provocado por alguém que tinha intenção de queimar o parque", disse Gonçalves. O diretor de Ecossistemas da Agência Ambiental de Goiás, Paulo D'Ávila Ferreira, tem a mesma desconfiança. "O fogo iniciou em três pontos simultâneos no interior do parque", explicou.

Os bombeiros esperam conter os três últimos focos hoje. Depois disso, a preocupação é com os animais silvestres e aves que habitam a área. "Nesta época do ano, as aves deixam seus ninhos nas árvores secas. O incêndio queima os ovos e impede o nascimento dos animais", lamentou Gonçalves.

DESTRUIÇÃO
O fogo devastou o equivalente a 6 mil campos de futebol no Parque Estadual da Serra de Caldas

CB, 15/08/2006, Cidades, p. 45

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