A atuação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) estende-se por grandes áreas de Caatinga, no território das bacias dos rios São Francisco e Parnaíba. As ações voltadas para a sua conservação são o destaque da Codevasf neste 28 de abril, quando se comemora o Dia Nacional da Caatinga - bioma que ocupa 11% do território nacional e abriga uma população de 27 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Entre as principais ações desenvolvidas atualmente pela Companhia para a preservação da Caatinga estão a realização de estudos e investimentos na Estação Ecológica de Serra da Canoa, no Parque Estadual Serra do Areal e no Refúgio da Vida Silvestre Riacho do Pontal, em Pernambuco; na área do Monumento Natural Grota do Angico, em Sergipe; e no âmbito do Programa de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Araripe, em Pernambuco. A Companhia também tem articulado a criação de uma nova Unidade de Conservação em Alagoas.
"A Caatinga existe apenas no Brasil e é um patrimônio muito valioso. É importante que as instituições unam esforços para preservá-la. Metade da bacia do rio São Francisco está situada na Caatinga, e grande parte das soluções de desenvolvimento regional, foco da atuação da Codevasf, passa por esse bioma. É possível conciliar produção econômica e desenvolvimento com a conservação. A conservação, na verdade, resguarda e potencializa o desenvolvimento", afirma o pesquisador José Alves de Siqueira Filho, organizador do livro Flora das Caatingas do rio São Francisco, vencedor do prêmio Jabuti 2013 na categoria Ciências Naturais.
De acordo com Siqueira Filho, a Caatinga é o bioma brasileiro de mais difícil restauração. "As ações de restauração são muito mais caras do que as de conservação, então a conservação é sempre o melhor caminho. Além disso, o trabalho de restauração da Caatinga tem a escassez de água como fator limitante. A implantação bem sucedida de ações de restauração em áreas em que há pouca ou nenhuma água representa um imenso desafio científico e tecnológico", explica o pesquisador, que atua no Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Crad-Univasf).
"O umbuzeiro, que é uma árvore emblemática da Caatinga, está ameaçado e pode acabar extinto. As árvores dessa espécie que encontramos hoje em dia são muito idosas, com mais de 100 anos", alerta Siqueira Filho.
A Caatinga ocupa cerca de 11% do território nacional e está presente nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e Minas Gerais, segundo o MMA. Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas.
É essencialmente em áreas de Caatinga que vive o tatu-bola, animal escolhido como mascote da Copa do Mundo da Fifa que será realizada no Brasil neste ano. "É uma espécie exclusivamente brasileira que vive em um bioma exclusivamente brasileiro", explica Rodrigo Castro, secretário-executivo da Associação Caatinga, instituição que propôs ao Comitê Organizador Local da Copa do Mundo a adoção do tatu-bola como mascote.
Atualmente a Associação mantém uma campanha voltada para a preservação do animal. "Essa espécie é uma bandeira de preservação. A proteção do tatu-bola, de seu habitat, significa a proteção do bioma. A ararinha-azul, por exemplo, é uma espécie nativa da Caatinga que está extinta na natureza desde os anos 2000; hoje ela é encontrada apenas em cativeiro. O tatu-bola corre sério risco de ser extinto nos próximos 50 anos devido principalmente à degradação ambiental", alerta Castro.
A Estação Ecológica da Serra da Canoa, localizada no município de Floresta (PE), possui 7,6 mil hectares e foi criada em abril de 2012. A Codevasf colaborou com a implantação da estação por meio da realização de estudos técnicos, em parceria com equipes da Agência Estadual de Meio Ambiente e da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
"Para que essa Unidade de Conservação (UC) cumpra plenamente seu objetivo de preservação da natureza e realização de pesquisas científicas, uma série de ações é necessária, dentre as quais estão regularização fundiária, levantamento de fauna e flora e elaboração de um plano de manejo. A Codevasf tem articulado com o governo de Pernambuco a celebração de um termo de compromisso que definirá responsabilidades para a execução de cada atividade ainda necessária à consolidação da Estação", diz Sérgio Henrique Alves, gerente de meio ambiente da Codevasf.
A proposta de parceria da Codevasf prevê que a Companhia será responsável por prover recursos para as ações de consolidação da unidade de conservação, por fiscalizar os trabalhos e por prestar suporte técnico às instituições envolvidas; a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) será responsável pela articulação interinstitucional; o Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe) realizará os trabalhos de georreferenciamento, avaliação de propriedades, desapropriação e aquisição das terras, que pertencerão ao estado; e a Agência Estadual do Meio Ambiente executará as ações de levantamento de fauna e flora.
Unidades de conservação como a da Estação Ecológica da Serra da Canoa são destinadas a preservação, pesquisa e educação ambiental. A Companhia estima que serão necessários investimentos de R$ 10 milhões em ações de consolidação dessa UC. Com investimentos em unidades de conservação, a Codevasf busca, entre outros objetivos, cumprir as obrigações ambientais associadas aos perímetros de irrigação mantidos na bacia do rio São Francisco.
Novas Unidades de Conservação em Pernambuco
Em 28 de março deste ano foram implantadas duas unidades de conservação na área de reserva legal do Projeto Pontal, mantido pela Codevasf em Petrolina (PE) para o desenvolvimento de atividades agropecuárias: o Parque Estadual Serra do Areal e a estação Refúgio de Vida Silvestre Riacho do Pontal. As UC's ocuparão aproximadamente seis mil hectares de vegetação nativa do bioma Caatinga nas áreas de reserva legal do Pontal - a área será doada pela Codevasf ao estado de Pernambuco. A implantação dos parques foi aprovada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente em fevereiro deste ano.
A constituição dos conselhos gestores das duas Unidades de Conservação já está definida. Os conselhos serão formados por representantes do poder público e da sociedade civil.
Por parte do poder público, haverá representantes das seguintes instituições: Codevasf, Embrapa, Semas, CPRH, Ibama, ICMBio, prefeitura de Petrolina (por meio da Agência Municipal do Meio Ambiente) e Ipa. Pela sociedade civil, integrarão os conselhos representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina, da Universidade Federal do Vale do São Francisco e de associações de comunidades localizadas nas proximidades do Projeto Pontal - Icozeiro, Bom Jardim, Lajedo, Vira Beiju e Uruás, entre outras.
A Superintendência da Codevasf em Sergipe finalizou mais uma etapa do processo de aquisição de uma área de Caatinga para ampliação da Unidade de Conservação do Monumento Natural Grota do Angico, no município de Poço Redondo, Alto Sertão do estado.
Em vistoria realizada junto com a Administração Estadual do Meio Ambiente de Sergipe (Adema), no último dia 17, foi aprovada uma área de 85,3 hectares, contígua à UC mantida atualmente pelo governo do estado. A Codevasf deverá investir R$ 181 mil na aquisição do terreno, que em seguida será doado ao estado.
A aquisição da área servirá de compensação ambiental da Codevasf pela implantação do perímetro irrigado Jacaré-Curituba entre os municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco.
Nova Unidade de Conservação em Alagoas
O estado de Alagoas terá uma nova Unidade de Conservação, de aproximadamente dois mil hectares, às margens do rio São Francisco, no município de Piranhas. A área já foi identificada e deverá passar por um processo de georreferenciamento. Os esforços voltados para a criação da UC estão sendo realizados conjuntamente, pela Codevasf e pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA).
"Essa área apresenta significativas amostras de remanescentes de ecossistemas originais da Caatinga na região, e por isso sua proteção é um grande ganho. Ela é ainda mais valiosa por estar localizada às margens do São Francisco", avalia o engenheiro Valdemir Vieira, da gerência de Meio Ambiente da Codevasf.
A preservação, a exploração sustentável e a revitalização da Caatinga na região do Araripe, no Noroeste de Pernambuco, são os principais objetivos do Programa de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Araripe. Uma parceria firmada pela Codevasf com a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Sara) de Pernambuco está investindo R$ 6,4 milhões no programa.
A região do Araripe é constituída por 15 municípios e sofre intensa pressão sobre seus recursos naturais. Na área está situado o principal polo gesseiro do Brasil. A indústria do gesso é muito dependente da exploração de lenha, o que é desfavorável para a conservação de florestas nativas. "O apoio ao manejo florestal da Caatinga é um esforço voltado para a diminuição do desmatamento. A exploração sustentável da lenha ajuda a conservar parte do bioma", afirma Camilo Souza, analista em desenvolvimento regional da Unidade de Conservação de Água, Solo e Recursos Florestais da Codevasf.
O principal foco do programa - implantado sob a responsabilidade do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), vinculado à Sara - é subsidiar o planejamento territorial da região do Araripe por meio da reunião de dados e da elaboração de um zoneamento agroecológico que permitirá caracterizar, identificar e espacializar áreas especialmente valiosas para a preservação, a conservação, a recuperação e a produção florestal.
A primeira etapa do zoneamento - a cartografia - já foi concluída. Até julho deste ano será contratado o serviço de levantamento pedológico, que consiste na avaliação das características do solo. Associado a outros estudos, esse levantamento possibilitará a identificação das aptidões da região para o desenvolvimento florestal.
http://www.codevasf.gov.br/noticias/2014/dia-nacional-da-caatinga-codevasf-investe-na-preservacao-do-bioma
Caatinga
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Grota do Angico
- UC Serra da Canoa
- UC Riacho Pontal
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