Parque Nacional do Juruena: Prefeitura de Apiacás e entidade civil são contra parque nacional

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT - 21/01/2005
Grupos contrários dizem que município terá apenas 6% de área agricultável caso reserva saia do papel.
A criação do Parque Nacional do Juruena ganhou dois adversários: o Conselho para o Desenvolvimento da Amazônia Mato-grossense (Codam) e a prefeitura de Apiacás, cidade onde se localizaria a maior parte da reserva. O argumento usado é que o município perderá grande parte da área agricultável.

Ambos calculam que, com a criação do parque, menos de 6% da área de Apiacás poderá ser aproveitada para agricultura, pecuária e extração madeireira - bases da economia local. Nos próximos dias, um documento contendo as análises será entregue ao presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema), Moacir Pires. "O governo estadual não pode permitir que o governo federal faça uma coisa dessas", protestou ontem o conselheiro do Codam, Valdemir Dobri.

O traçado da unidade proposto pelo Ibama se estende por um milhão de hectares de território mato-grossense e abrange outros dois milhões de hectares do sudeste do Amazonas, chegando até o município de Apuí. A região é rica em diversidade biológica e abriga espécies ameaçadas de extinção.

"Há pessoas que vieram de todas as regiões e investiram todo seu patrimônio ali. Para onde vai esse povo?", questionou a prefeita de Apiacás, Silda Kochemborger. Segundo ela, a população do município passou de seis mil habitantes, em 2000, para 15 mil atualmente.

"Isso representa praticamente o fechamento da cidade de Apiacás porque a economia é baseada na atividade madeireira", afirmou Dobri. Segundo ele, os municípios vizinhos, como Sinop e Alta Floresta, poderiam ser prejudicados pela queda no fornecimento de madeira. O Codam representa 17 entidades do município de Alta Floresta, como sindicatos da área rural, da indústria madeireira, moveleira e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

Para chegar ao percentual de redução da área, somou-se a área do Parque Estadual do Juruena, da Reserva Indígena Caiabi (sub judice), uma área da União de 190 mil hectares e as áreas de reserva legal das fazendas, exigidas em lei. Segundo o conselheiro do Codam, já existem pecuaristas e madeireiros na área onde se pretende criar o parque. "Não sabemos o que o Ministério (do Meio Ambiente) oferece como contrapartida", disse.

Antes de criar a reserva, o Instituto Nacional do Meio Ambiente (Ibama) deverá realizar audiências públicas em Apiacás e Apuí (AM). A reportagem não conseguiu entrar em contato com o Ibama para saber as datas das audiências.
(Maria Angélica Oliveira-Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT-21/01/05)
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