Polícia Civil identifica 34 responsáveis por incêndios criminosos no Rio; cinco suspeitos estão presos

O Globo - https://oglobo.globo.com/ - 20/09/2024
Polícia Civil identifica 34 responsáveis por incêndios criminosos no Rio; cinco suspeitos estão presos
Nove pessoas já foram indiciadas no âmbito da Operação Curupira, que conta com a participação da Secretaria estadual do Ambiente e do Inea

20/09/2024

A Polícia Civil do Rio informou, nesta sexta-feira, que já identificou 34 pessoas responsáveis pela série de incêndios criminosos que começaram há dez dias e devastaram 3.489 hectares em áreas de conservação no Estado do Rio. Nove delas já foram indiciadas - a corporação aguarda agora os laudos periciais para formalizar o indiciamento dos demais suspeitos. Cinco acusados foram presos.

- O custo para recuperar esses ecossistemas é incalculável, por conta das vidas que se perderam. Não temos, por exemplo, como colocar preço na vida de um animal silvestre. Isso sem falar no prejuízo com a emissão de créditos de carbono, tão importantes para o nosso estado. Nossas ações estão sendo assertivas no combate a este tipo de crime - disse o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.

A ação que investiga as queimadas ilegais foi chamada de Operação Curupira e conta com a participação a Secretaria Estadual do Ambiente (Seas) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

De acordo com a Polícia Civil, desde que os incêndios começaram a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e unidades distritais do interior realizaram diligências para identificar quais queimadas foram criminosas e quem eram os responsáveis por elas.

Na última segunda-feira, agentes foram à Região Serrana para reprimir as ações incendiárias em Petrópolis e Itaipava. Uma equipe do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) fez perícias em três pontos de início das chamas. Os policiais conseguiram identificar um adolescente, de 13 anos, que compareceu à delegacia acompanhado de seu pai. O jovem, de acordo com a Polícia Civil, admitiu ter ocasionado o fogo que devastou grandes áreas de vegetação em Pedro do Rio e Secretário. O crime teria sido cometido pelo jovem após uma briga em família .

Agentes fizeram diligências, ouviram testemunhas e analisaram imagens de câmeras de segurança também na região da Vila Inglesa, ainda em Petrópolis, e no Parque Nacional da Serra da Tiririca, em Niterói, na Região Metropolitana.

Dois dias depois, uma ação integrada da DPMA com a 91ª DP (Valença) resultou na captura de um homem de 61 anos, flagrado em vídeo ateando fogo na área de proteção ambiental da Serra da Beleza, às margens da Rodovia RJ-143, na altura do quilômetro 52. Com Sebastião Cloves da Silva, foram encontrados a motocicleta, as roupas e o capacete que usava quando praticou o crime.

As investigações iniciais apontam que Sebastião teria ateado fogo após se desentender com o dono de uma fazenda da região, que fica perto da Serra da Beleza. O preso preferiu ficar em silêncio a prestar depoimento. Testemunhas confirmaram aos agentes que Sebastião teria ingerido bebida alcoólica e ateado fogo na propriedade por vingança. Ele e o patrão já tinham um histórico de desavenças.

A Operação Curupira é coordenada pela Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional (SSPIO), por meio do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e do Departamento-Geral de Polícia do Interior (DGPI).

Jovens incendiários
No Vale da Montanha, em Nova Friburgo, foi um grupo de quatro jovens que deu início ao incêndio que levou pânico aos moradores das redondezas no mês passada. As chamas avançaram rapidamente, quase atingindo residências próximas. A ação criminosa foi filmada por uma câmera de segurança e circulou pelas redes sociais à época.

Já uma disputa por terras estaria por trás de incêndios em Mangaratiba. O Quilombo das Fazendas Santa Justina e Santa Izabel levou à Polícia Civil a denúncia de que fazendeiros que são contra a presença dos quilombolas na região estariam provocando as queimadas para "assustar e intimidar quem vive ali". Segundo o delegado Roberto Gomes Nunes, titular da 165ª DP (Mangaratiba), ao menos dois incêndios são investigados. Um deles foi em 11 de setembro na Serra do Piloto, região do quilombo, e o outro no bairro Ranchito, em agosto.

- Estamos encurralados aqui. Existe uma disputa territorial com os fazendeiros que querem expulsar os quilombolas dessa região. Eles colocam fogo em áreas de acesso muito restrito para nos deixar assustados. Enquanto eles brigam por terras e queimam as florestas, milhares de pessoas e animais ficam sem lar e alimento. Nós dependemos da floresta - disse um quilombola, que pediu para ficar no anonimato.

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Florestas:Queimadas

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