Levantamento acha 18 espécies novas em recifes da Bahia

FSP, Ciência, p. A31 - 03/06/2006
Levantamento acha 18 espécies novas em recifes da Bahia
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é insuficiente para conservar diversidade da vida no local, afirma pesquisador
Região é o maior banco de corais do Brasil e o principal do Atlântico Sul; 20% das suas espécies de peixe não ocorrem em outros lugares

DA REDAÇÃO

O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos não basta para conservar a biodiversidade do maior banco de recifes do Brasil, ameaçado pela sobrepesca, pela exploração de petróleo e, ultimamente, pela criação de camarões. A conclusão é do primeiro inventário da diversidade biológica da região, que acaba de ser publicado, seis anos depois de sua conclusão.
O chamado levantamento rápido da biodiversidade foi realizado em Abrolhos em fevereiro de 2000 por um grupo de 19 cientistas, sob o patrocínio da ONG de pesquisas Conservação Internacional (CI).
O trabalho coletou espécimes ao longo dos 200 km de plataforma continental que compõem o banco dos Abrolhos, o principal conjunto de recifes de coral do Atlântico Sul e uma das principais áreas de alimentação de grandes animais marinhos, como tartarugas e baleias-jubarte.
Em 18 dias, a expedição registrou cerca de 1.300 espécies, 18 delas desconhecidas da ciência -17 de molusco e uma de peixe. Reforçou também uma idéia sobre os recifes de coral brasileiros: eles podem não ser tão exuberantes quanto os do Caribe ou da Austrália, mas têm uma proporção muito maior de espécies únicas.
"O endemismo é muito alto", disse à Folha Clóvis Barreira e Castro, especialista em corais do Museu Nacional da URFJ que participou da expedição.
Segundo Fábio Santos, biólogo da Conservação Internacional, a taxa de endemismo chega a 20% no caso dos peixes (ou seja, de cada dez espécies encontradas em Abrolhos, duas só existem lá) e de 50% no caso dos corais (metade das espécies desses invertebrados marinhos são exclusivas). Um exemplo ilustre é o coral-cérebro Mussimilia braziliensis.
Ao mesmo tempo, afirma Castro, a maior parte dessa diversidade se encontra fora de proteção. O parque nacional, delimitado há 25 anos, tem 800 quilômetros quadrados de extensão. O banco de corais tem 46 mil quilômetros quadrados.

Demarcação falha
"A expedição que definiu os limites do parque, nos anos 1980, foi prejudicada", recorda-se o pesquisador, que participou do trabalho na época. Ele diz que os critérios de demarcação foram mais estéticos do que científicos, já que na época o conhecimento sobre a diversidade do local era limitado.
Castro diz que boa parte do problema seria resolvida com a implementação da APA (Área de Proteção Ambiental) da Ponta da Baleia, uma unidade de conservação estadual criada há dez anos e que engloba boa parte dos recifes do banco. "Até hoje ela está sem plano de manejo", afirma Santos, da CI.

FSP, 03/06/2006, Ciência, p. A31
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