O Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejos de Cavernas (Cecav), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vai elaborar planos de ações emergenciais para as cavernas turísticas da Chapada Diamantina, na Bahia. O objetivo é estabelecer um novo reordenamento turístico na região, especialmente nas cavernas que se localizam no entorno do Parque Nacional da Chapada, de modo a evitar o fechamento de várias delas.
O novo reordenamento faz parte do processo de revisão e atualização da Portaria 15/01 do Ibama, que regulamenta o uso turístico das cavernas da Chapada, e de inclusão de novas cavernas nos registros institucionais. Para isso, uma equipe do Instituto Chico Mendes vistoriou 12 cavernas de exploração turística entre os dias 24 e 30 de setembro na Área de Proteção Ambiental (APA) Marimbus Iraquara. Existem na APA 126 cavernas conhecidas e um sem-número de outras ainda desconhecidas e sem registro.
De acordo com informações do Cecav, a Portaria 15/01 do Ibama, que regulamenta o uso turístico dessas cavernas, está caduca e precisa ser atualizada. Além de colher dados para elaboração do novo reordenamento, a vistoria buscou verificar o traçado de uma rodovia a ser reformada e ampliada, que liga a BR-242 à cidade de Iraquara e passa sobre e ao lado de diversas cavernas importantes da região.
PLANO DE MANEJO - A idéia do Cecav é também a de produzir o Plano de Manejo Espeleológico (PME) para gerenciamento das cavernas exploradas pelo setor de turismo na área, conforme previsto pela portaria. O documento vai estipular e implementar novas regras de gestão, de exploração da região pelos proprietários de terras na área de entorno que se auto-intitulam guardiões das cavernas e, sobretudo, de conduta para atuação do setor de turismo, tais como número de visitantes por guia e tempo entre um grupo e outro.
Durante a vistoria, os técnicos do ICMBio constataram a urgência de implantação de novas regras com base num plano de manejo espeleológico. Isso é fundamental para a proteção e a conservação das cavernas e, conseqüentemente, da biodiversidade existente nesses ecossistemas, bem como para evitar o fechamento de cavernas rentáveis e essenciais para a manutenção do complexo turístico da Chapada, como Pratinha, Lapa Doce, Poço Azul e Poço Encantado.
Em novembro do ano passado, o Poço Encantado foi fechado por causa de uso indevido, é que o "guardião" dessa caverna construiu uma escadaria de alvenaria no trajeto turístico dentro da cavidade sem autorização e sem consultar o ICMBio e, por isso, a atividade turística foi embargada e multada pelo Ibama da Bahia. Para acelerar o processo de reabertura da caverna, há uma proposta do Cecav de elaboração de um Termo de Ajustamento de Conduta entre o guardião e o Ibama, intermediado pelo Ministério Público Federal de Salvador.
A gestão de cavernas brasileiras é um dos desafios do Cecav não só pelo fato de não haver registros confiáveis da maioria das cavidades existentes no País, mas também pela falta de estudos sobre esses ecossistemas. Na Chapada Diamantina, por exemplo, há cavernas pouco visitadas cuja gestão é feita pelos proprietários das áreas de entorno, que exploram turisticamente e cuidam da manutenção de forma amadora, como é o caso de Fumaça, Lapa do Bode, Manoel Ioio, Bolo de Noiva, entre outras.
SÃO PAULO - Por causa da exploração desordenada e da falta de plano de manejo, recentemente o ICMBio fechou três parques estaduais, no Estado de São Paulo, os quais há décadas permitiam o uso das cavernas sem o Plano de Manejo Espeleológico.
De acordo com dados do Cecav, as áreas que envolve cavernas em exploração apresentam vários tipos de problemas. Atualmente, o centro está desenvolvendo trabalhos nas áreas em que há problemas, sobretudo nas cavernas Lapinha, Maquiné e Rei do Mato, em Minas Gerais; na Chapada Diamantina, na Bahia; e no Parque Nacional (Parna) Ubajara, no Ceará.
O Brasil é o país da América do Sul com o maior potencial espeleológico distribuídos, principalmente, em dez estados que concentram o maior número de cavernas registradas, a saber: Minas Gerais, com 2.771; Goiás, com 768; Bahia, com 642; Tocantins, com 610; Pará, 532; São Paulo, 515; Rio Grande do Norte, 371; Mato Grosso, 327; Paraná, 271 e Distrito Federal, com 49. Desse conjunto, destaca-se o Estado do Pará que, com a descoberta das cavernas de minério de ferro em Carajás, subiu para o quinto lugar em número de cavidades.
Um exemplo da exuberância desses ecossistemas são a Gruta do Centenário, na região do Pico do Inficionado, em Minas Gerais, considerada a mais profunda do Brasil e a maior do mundo em terreno de quartzito, com 3,8 km de extensão e 481 m de profundidade. As cavernas mais extensas, por sua vez, concentram-se em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e, sobretudo, na Bahia, onde se localizam a Toca da Boa Vista (105 km), considerada uma das 15 cavernas mais extensas do mundo, e a Toca da Barriguda (26,7 km), também uma das maiores do País em extensão.
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