SEM-TERRA AMEAÇAM OCUPAR APA DE GUARAQUEÇABA/PR

Ambiente Brasil-Brasília-DF - 18/05/2003
Um grupo de 80 famílias de sem-terra, oriundas da periferia de Curitiba (PR) e sem vínculo com o MST, está ameaçando ocupar a APA - Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná. Abrigados em uma fazenda que está sob posse de um agricultor da região, os sem-terra dizem estar "aguardando ordem externa" para invadir outras fazendas, como forma de pressionar o Incra - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária a lhes destinar um pedaço de terra. Na noite da última quinta-feira (15), chegou mais um ônibus com sem-terra e, segundo os ocupantes, eram esperadas mais 1.000 pessoas neste final de semana.

Ambientalistas de todo o Paraná estão receosos com os impactos negativos de uma ocupação desordenada em uma área de proteção ambiental como Guaraqueçaba, que abriga o mais importante remanescente de Floresta Atlântica no país. A região é uma Unidade de Conservação federal desde 1985 e está sob administração do Ibama - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. "A APA de Guaraqueçaba é prioritária para a conservação da biodiversidade do ecossistema da Floresta Atlântica", afirma João Capobianco, secretário executivo de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.

A principal preocupação dos ambientalistas é que uma possível invasão possa intensificar o desmatamento na região. A APA abriga um ecossistema rico, inclusive algumas espécies ameaçadas de extinção, como o papagaio-de-cara-roxa e o mico-leão-de-cara-preta. Nos últimos 30 anos, a região vem sofrendo forte degradação ambiental por causa de atividades econômicas, muitas delas implantadas sem planejamento e inadequadas para a região.

Além de estar sujeita a uma série de restrições para a atividade econômica, a APA tem solo impróprio - tecnicamente comprovado - para atividades agrícolas, o que acabaria por expulsar os sem-terra do local em um futuro próximo. "O litoral do Paraná não é adequado para assentamentos porque, além de ter extensas áreas de preservação ambiental, possui um solo pouco fértil para a agricultura. Nossos agricultores locais já passam dificuldades", diz a prefeita de Antonina, Munira Peluso.

Organizações não-governamentais como a Rede Pró-Unidades de Conservação, Fundação O Boticário, SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Mater Natura estão em contato com o Ibama, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Batalhão de Polícia Florestal e o Ministério do Meio Ambiente para evitar que a ameaça de degradação ambiental se concretize.
UC:APA

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